ELEIÇÕES 2010 - O SILÊNCIO DE UM COVARDE

O governador de São Paulo, José Serra (PSDB), optou por um silêncio estratégico na discussão em torno dos projetos do pré-sal que tramitam no Congresso. Pré-candidato à Presidência da República, o tucano acompanha a discussão por meio das lideranças do seu partido no Senado, mas sem se posicionar publicamente sobre os rumos do debate. Às vésperas de lançar candidatura de oposição ao Palácio do Planalto, Serra evita a todo custo polêmicas que possam servir de munição para os seus adversários na eleição. E a discussão sobre os royalties do petróleo é uma dessas cascas de banana com poder fortemente inflamável.

Governador de um Estado produtor, Serra poderia engrossar o coro dos descontentes, alinhando-se, por exemplo, ao clamor do Rio e do Espírito Santo, que querem evitar mudanças no critério de distribuição de áreas já licitadas. Mas os governadores fluminense e capixaba não aspiram a uma cadeira no terceiro andar do Palácio do Planalto. Portanto, podem comprar uma briga com os demais Estados brasileiros. Já Serra...


O silêncio tem como único objetivo evitar desgaste político com os demais Estados num assunto que já é suficientemente polêmico em ano não eleitoral - em época de disputa presidencial, o tema ganha potencial extremamente explosivo.

A avaliação no PSDB é que um posicionamento público sobre a questão poderia trazer mais prejuízos políticos que contribuições ao debate. O plano tucano é não atiçar a ira dos demais Estados e tentar jogar a discussão para depois da eleição, preferencialmente para o ano que vem. Aliás, quando questionado sobre o tema no passado recente, Serra disse em mais de uma ocasião que a discussão deve ser feita com profundidade, não a toque de caixa.

"Estamos muito preocupados com essa questão, principalmente com a partilha inadequada em ano eleitoral. Essa discussão está sendo conduzida de forma inadequada e atrapalhada por razões eleitorais", afirmou o presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE). Único dos senadores por São Paulo cujo partido compõe a base governista de Serra, Romeu Tuma, do PTB, nem chegou a conversar com o governador sobre o assunto. Pediu orientação ao secretário de Finanças paulista, Mauro Ricardo, mas ainda não obteve resposta, o que mostra a cautela com que o assunto é tocado pelo Palácio dos Bandeirantes.Com informações do Estado
Interessa a São Paulo a discussão sobre a repartição dos recursos do pré-sal a serem prospectados no litoral paulista. Mas, independentemente disso, a orientação é arrastar o assunto para depois das eleições. Empurrar com a barriga, na definição de um tucano. Falta combinar com os russos. O governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), tornou-se o porta-voz na guerrilha contra a proposta do deputado Ibsen Pinheiro (PMDB-RS), que propõe a divisão dos royalties do petróleo entre todos os municípios. Ontem, questionado sobre a posição discreta de São Paulo, Cabral deixou no ar crítica ao governador paulista. Disse que não iria "fulanizar" o debate, portanto não nomearia quem está "contra, a favor ou em cima do muro". Nem precisava dar nomes.

Por: Helena ™